BC REDUZ SELIC EM 0,25 PONTO, A 10,50%, COM DIVERGêNCIA DE DIRETORES INDICADOS POR LULA

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central decidiu nesta quarta-feira reduzir o ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, a 10,50% ao ano, com divergência de diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e abandonou sua indicação sobre corte futuro nos juros básicos.

De acordo com o comunicado, a decisão foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados por Lula, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução maior, de 0,50 ponto percentual.

Apesar da divergência, o comunicado informou que o Comitê, unanimemente, "avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela".

A separação entre posição mais flexível dos membros da diretoria do BC nomeados por Lula e a visão mais dura dos componentes indicados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que defenderam a redução do ritmo de corte, pode ampliar incertezas sobre os próximos passos da política monetária, à medida em que novas indicações levem o governo a contar com a maioria de nomeados na diretoria do BC.

Atualmente, a cúpula da autarquia é composta por quatro diretores indicados por Lula, enquanto cinco estão no posto desde a gestão de Bolsonaro. Os próximos mandatos a vencer, em dezembro deste ano, são de Campos Neto, Carolina Barros e Otávio Damaso.

No comunicado, o BC informou que o corte de 0,25 ponto é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante.

Dados recentes de inflação vieram abaixo do esperado, mas as expectativas do mercado para o comportamento dos preços seguem acima da meta de 3% estabelecida para este e os próximos dois anos.

Nesta quarta, BC piorou suas próprias projeções para o comportamento dos preços em relação à reunião anterior. A autoridade monetária informou que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação foi de 3,5% para 3,8% em 2024 e de 3,2% para 3,3% em 2025.

"A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", disse o comunicado.

Após o governo flexibilizar metas para as contas públicas, o BC afirmou ainda que "acompanhou com atenção" os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária.

"O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", afirmou.

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