COPOM TENDE A SER DIVIDIDO? RITMO DE CORTES DA SELIC PODE DIMINUIR

Investing.com – De um lado, atividade mais forte, inflação de serviços ainda olhada de perto, revisão da meta fiscal e deterioração nas expectativas inflacionárias para o próximo ano. De outro, preços ao consumidor menos pressionados, e um indicativo, sinalizado na reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), de que os juros poderiam ser cortados novamente em meio ponto percentual.

A expectativa é de que a decisão para a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) traga uma divisão entre os diretores na noite de quarta, 08, na avaliação de especialistas consultados pelo Investing.com Brasil. Ainda que as projeções tenham sido ajustadas para uma possível diminuição no ritmo de cortes da Selic – não mais 0,5 ponto percentual (p.p.), mas 0,25 p.p., indo a 10,5% – os argumentos distintos devem dividir as visões no colegiado, acreditam os entrevistados.

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A mudança na projeção foi a escolha da Daycoval Asset, que agora estima 0,25 ponto percentual, diante da mudança nos cenários doméstico e internacional, com estimativa de Selic a 9,75% no final de 2024. As revisões ocorrem, principalmente, devido às mudanças nas perspectivas relacionadas à política monetária americana, segundo Rafael Cardoso, economista-chefe.

“O cenário de mais juros lá fora ou juros sendo cortados depois do que se imaginava gera algum tipo de constrangimento para o nosso Banco Central. A gente não via isso como determinante porque ainda não tinha se materializado na taxa de câmbio. Mas, a partir do momento que a taxa de câmbio andou um pouquinho, isso começa a ter uma repercussão mais importante na inflação doméstica e, portanto, para o nosso Banco Central”.

Cinco elementos devem guiar o Copom, na análise de Felipe Lacs Sichel, economista-chefe da Porto Asset: atividade doméstica, perspectiva fiscal, cenário externo, expectativas de inflação e inflação realizada. Desses cinco, somente um ponto traria conforto para o Copom, que é a inflação realizada, além da esperada, mas somente para o curtíssimo prazo.

“Mas quando a gente olha para a atividade que permanece ainda robusta, assim como o mercado de trabalho, alteração do cenário fiscal com perspectiva de que possivelmente haverá mais dificuldade em conseguir gerar déficits menores à frente, para o cenário externo em que os cortes de juros do Fed foram postergados no ano e para as expectativas de inflação descolando, fica difícil de enxergar um ambiente no qual o Copom ainda possa cortar com o mesmo tipo de conforto que ele estava observando até agora”, detalha o economista, que alterou o cenário para um corte de 0,25 ponto percentual e espera que a Selic alcance 9,75% ao final do ano.

Sinalização anterior dá lugar a ajustes nas expectativas, mas cenário segue incerto

A sinalização da última reunião do Copom do Banco Central era de que seguiria com o ritmo de cortes no mesmo patamar anterior, em meio ponto, mas a conjuntura sugere que o colegiado seja mais conservador, de acordo com Cardoso.

O especialista da Daycoval avalia que o mercado já desconfiava de uma possível mudança em relação ao indicado anteriormente nas comunicações, mas as últimas falas públicas do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, reforçaram essa visão. “Eu não acho que ele escreveu em pedra, sancionou, mas ajuda a criar o road map”.

Paulo Gala, professor na FGV/SP e economista-chefe do Banco Master, considera que projetar esse Copom está mais difícil, mas continua a esperar o corte indicado nos últimos comunicados do Comitê.

Com incerteza quantos aos juros americanos, Gala recorda que Campos Neto deu declarações duras, desmontando o forward guidance do último Copom. “Ele meio que sinalizou o que o forward guidance de cortar meio ponto percentual na quarta não estava mais valendo. Só que os diretores, todos que vieram a público, não foram categóricos em relação a isso, não dá para a gente cravar que todos os diretores têm a mesma visão”, pondera, ao mencionar uma melhora no cenário nos últimos dias, após o relatório de empregos payroll.

“Não voltamos àquele cenário da última decisão do Copom, mas também não é um cenário de deterioração que estava presente naquele momento do discurso do Campos Neto. Então, é um novo cenário”, completa, indicando que estaria em um “meio termo” e que a decisão tende a ser dividida. Gala estima Selic de 9,5% ao final do ano.

Comunicação do Copom trazia indicativos, mas com cenário de cautela

Em seus últimos comunicados e atas, o Copom havia demonstrado que seu cenário-base exige cautela, com preocupações relacionadas ao curso da inflação. Com a piora no cenário externo, Campos Neto sinalizou que aquela previsão anterior poderia não ocorrer. Além disso, o trecho final do comunicado que diz “em se confirmando o cenário” possibilitaria um corte menor, aponta Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com.

“Essa deterioração está ligada à expectativa de um dólar mais forte no mundo com a nova postergação da estimativa do corte de juros do Fed, o que estreita a margem do Copom em reduzir os juros sem deixar o diferencial de juros brasileiros e americanos ainda mais desfavorável à moeda brasileira”, aponta o economista e editor-chefe da edição brasileira.

Manzoni cita ainda a revisão da meta fiscal como um dos fatores que contribuiu para o aumento do prêmio de risco, “concomitante a um hiato do produto ainda mais apertado com revisões altistas do crescimento do PIB”.

Mudanças de cenário relacionadas aos EUA

A mudança no cenário nos Estados Unidos com dados de inflação piores do que o esperado havia levado a ajustes nas expectativas de juros nos Estados Unidos. No entanto, com indicadores do relatório de empregos payroll mais fracos do que o previsto e as últimas falas de dirigentes do Federal Reserve indicando que altas nos juros não devem ocorrer, pois as fed funds estariam em patamar suficientemente restritivo para que a inflação americana retorne à meta, as projeções se tornaram menos pessimistas, lembra Gala.

Supondo que não ocorra um choque muito grande, segundo Sichel, se houver uma mudança e atenuação das perspectivas no ambiente internacional, um câmbio mais apreciado pode ajudar a reduzir a percepção dos riscos domésticos.

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