DóLAR SOBE 0,20% E FECHA A R$ 5,66, APóS FALAS DE LULA SOBRE REUNIãO PARA DISCUTIR CâMBIO

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Pelo terceiro dia consecutivo, o dólar fechou em alta. A moeda americana abriu em queda, mas inverteu o movimento, sobretudo, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre as especulações em torno do real. O dólar chegou a bater na máxima de R$ 5,70 ao longo do dia, mas fechou a R$ 5,6648, alta de 0,20%. É a maior cotação desde 10 de janeiro de 2022.

Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), nesta terça-feira, 3, Lula afirmou que fará reunião em Brasília na quarta-feira, 3, para agir em relação à suposta especulação contra o real, que seria responsável pela alta no dólar.

Para o presidente, “não é normal o que está acontecendo”. “É um absurdo. Obviamente, me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País.”

No período de um mês, o dólar já subiu 7,88% e, desde janeiro, 16,72%. O discurso mais voltado ao intervencionismo das últimas semanas não tem agradado os investidores, que ainda têm de lidar com incertezas externas como a taxa de juros dos Estados Unidos.

A alta do câmbio é apenas um dos efeitos imediatos dessa estratégia do presidente, que pode chegar rapidamente à economia real, desorganizando o planejamento das empresas e pressionado à inflação. O resultado seria o contrário do que Lula tanto deseja, que é a queda na taxa de juros.

Segundo operadores do mercado financeiro, há uma busca por proteção na moeda americana em razão do aumento dos ruídos políticos, com novas críticas do presidente Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dúvidas sobre a política fiscal.

Lula convocou reunião para amanhã para discutir a alta do dólar, que classifica como especulação. Há pouco, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que, por ora, não há necessidade de contingenciamento, mas que o “orçamento é dinâmico”.

O real apresenta nesta terça-feira o terceiro pior desempenho entre as principais divisas globais. As piores perdas são do rublo russo e do rand sul-africano. Entre pares latino-americanos, os pesos mexicano e colombiano se valorizam em relação ao dólar, enquanto o peso chileno opera ao redor da estabilidade.

O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 0,06%, aos 124.787,08 pontos.

No cenário externo, o dólar operou em baixa ante a maioria dos rivais, em um dia de declarações importantes de dirigentes, incluindo os presidentes do Federal Reserve (Fed) e Banco Central Europeu (BCE) e da publicação de dados de inflação na zona do euro. No Japão, seguiu no radar uma eventual intervenção cambial diante da contínua queda do iene ante o dólar.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caia a 161,46 ienes, o euro avançava a US$ 1,0747 e a libra tinha alta a US$ 1,2686. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,17%, a 105,722 pontos.

O BCE provavelmente deixará seus juros inalterados na reunião de 18 de julho, após os últimos dados da inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro, segundo a Capital Economics. A consultoria lembra que, embora o CPI anual do bloco tenha desacelerado de 2,6% em maio para 2,5% em junho, o núcleo do CPI permaneceu em 2,9% e a inflação de serviços também ficou inalterada, em 4,1%, ambos acima do esperado.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que as projeções e dados mais recentes permitiram que a instituição cortasse os juros em 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) em sua última reunião, mas renovou o alerta de que esse processo de relaxamento “não é linear”.

No mesmo painel, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a inflação nos Estados Unidos e os riscos para ela se mostram mais equilibrados, mas renovou a declaração de que ainda é preciso haver mais confiança na trajetória, antes de decidir por cortar juros./Com Matheus Andrade

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