O QUE é O PONTO DE EQUILíBRIO DE UM NEGóCIO? QUAL A SUA IMPORTâNCIA

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Nas reportagens sobre pequenos negócios e franquias, os especialistas sempre ressaltam a importância de um empreendimento atingir o ponto de equilíbrio. Mas, afinal, o que é esse break even? O Estadão consultou o Sebrae-SP e a Contabilizei, escritório de contabilidade, para entender o real peso disso na estrutura de uma empresa.

O que é o ponto de equilíbrio?

Para facilitar a didática, vamos considerar o ponto de equilíbrio contábil, que, de acordo com o CFO da Contabilizei, Eduardo de Freitas Souza, é o mais completo e eficiente.

O ponto de equilíbrio contábil acontece quando uma empresa consegue atingir um nível de faturamento suficiente para suprir todos os custos - fixos e variáveis. Ou seja, o negócio consegue “se pagar” e “caminhar com as próprias pernas”. Neste estágio, porém, ainda não há lucro.

Como custos fixos, podemos citar os valores de itens estruturais da empresa, como:

  • aluguéis - de ponto físico e de máquinas e equipamentos;
  • contas de consumo como água, internet, luz, entre outras;
  • salários de funcionários;

Exemplos de custos variáveis são:

  • impostos;
  • compras de fornecedores de matérias-primas ou produtos;
  • comissões de vendedores.

A um passo do lucro

Embora neste ponto ainda não haja lucro, também não existe prejuízo. Consequentemente, o empresário não vai precisar entrar em cheque especial ou juros de cartão de crédito ou atrasar contas e boletos. Além disso, essa é uma etapa imediatamente anterior ao lucro.

A necessidade de capital de giro

Já explicamos neste outro material o que é o capital de giro e qual a relevância dele dentro de um negócio, mas, resumidamente, enquanto o faturamento não for suficiente para conseguir pagar todas as despesas, o ideal é que o negócio tenha um capital de giro - uma espécie de “colchão financeiro” para que seja possível quitar o que precisa.

Este capital de giro pode ser formado de algumas maneiras, sendo que as mais comuns são empréstimos com instituições financeiras ou verbas de rescisões de contratos de trabalho, como o direito de saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Claro que economias feitas pelo empreendedor também entram neste conceito.

A consultora de negócios do Sebrae-SP Leidiane Lima explica que um erro comum de novos empreendedores é pegar esses valores e investir tudo - absolutamente tudo - apenas na abertura do negócio. “Mas e o resto da operação?”, questiona a especialista.

As vendas, ressalta, não vão acontecer “do dia para a noite”. “Claro que tudo vai depender do setor, do tamanho do negócio, mas, em média, o ponto de equilíbrio chega em cerca de um a dois anos”, comenta. Até lá, serão necessários recursos externos para que a conta possa ser fechada.

Inclusão do pró-labore

Pode parecer uma coisa simples, que não tenha tanto impacto assim na estrutura da empresa, mas a falta de inclusão do pró-labore na parte de despesas do negócio já pode causar problemas, ressalta a especialista do Sebrae-SP.

Isso vai impactar diretamente no ponto de equilíbrio, já que esses salários também são custos que saem do faturamento. Em outra reportagem já explicamos como ele deve ser composto, mas, de maneira resumida, o empresário precisa receber pela sua força de trabalho e tempo dedicado também - e isso não sai de lucros e dividendos da operação. “Para calcular corretamente o break even, todos os gastos precisam estar elencados.”

Como calcular o break even?

Para entender o cálculo do ponto de equilíbrio é necessário saber como funciona a margem de contribuição (MC). A fórmula para a MC será a seguinte:

Margem de contribuição = receita bruta - custos variáveis

Ou seja, o empresário precisa pegar o faturamento naquele respectivo mês e subtrair os custos variáveis. O que sobra nesta conta é o que vai ser utilizado para pagar os custos fixos.

A partir destas informações, é possível calcular o break even do negócio, dividindo os custos fixos pela MC:

Ponto de equilíbrio = custos fixos (em R$) ÷ margem de contribuição (em %)

Os custos fixos são em (R$), e a margem de contribuição, em porcentagem. O valor resultante desta conta é a quantia necessária de receita bruta para que o negócio fique no “zero a zero”.

Portanto, se não atingir esse valor, precisará arcar com uma renda extra, seja capital de giro, empréstimos, cheque especial, entre outros. Se conseguir faturar mais que o necessário, haverá lucro.

Lembrando que é primordial, especialmente no início da operação, que parte do excedente seja reinvestido no empreendimento, para expansão, melhorias ou até composição de capital de giro, como já mostramos aqui.

Ideal é acompanhar mês a mês

Freitas, da Contabilizei, complementa que o ideal é fazer este acompanhamento com atualizações mensais. Isso porque custos e receitas podem mudar. Geralmente, os dados mensais são mais eficientes para abordar a evolução do faturamento, além de permitir que o empresário saiba se está no caminho - ou não - para atingir o ponto de equilíbrio.

“Quando as pessoas querem saber o break even é porque ainda não chegaram lá. E querem calcular para saber o quanto falta. Por isso, tem que ter claras todas as receitas e despesas, sabendo diferenciar o que é fixo de variável, para que todo o processo seja eficiente”, conclui.

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